domingo, 4 de março de 2012

O Homem da Ponte.

          Escorria sobre o corpo as lágrimas do cinzento céu. Pequeninas gotas formavam um rio de lamentações naquela tarde de luto. Não se via alegria nas ruas, apenas o vazio, o cinza. O asfalto molhado e escorregadio deixava as ruas mas perigosas do que de costume. Tudo passava ar de tristeza. Tudo estava parado, menos aquela chuva. Milhares e milhares de gotas caindo sobre a cabeça do desiludido homem da ponte. Homem do qual não fora homem suficiente para suportar tanta dor. A dor de ter perdido tudo que se orgulhava, tudo que amava. Não se suportava mais depois daquele incidente. Não pensava mais, jogou tudo que lhe restava fora. Jogou suas forças, jogou seu corpo, jogou seu coração. Jogou sua vida para a tal chamada morte. Jogou-se, naquela tarde chuvosa, da ponte. Deixou o balanço das águas levarem seu corpo. Deixou a chuva lavar o que restou.

Um comentário:

Bráulio disse...

Muito bonito, parabéns! Simples e de uma sensibilidade incrível. Aliás, adorei a frase que inicia a narrativa, perfeita!